Mitos, cultura e falta de conscientização são algumas das razões que levam apenas 1,8% dos brasileiros a serem doadores de sangue. A porcentagem ainda é baixa, considerando que 5% é a estimativa ideal, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo estudo da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), brasileiros doam menos do que moradores de países como Argentina, Uruguai, Cuba e Estados Unidos. A pesquisa também revelou que a cada dez doadores, seis são os chamados voluntários – aqueles que doam com certa frequência e para qualquer pessoa.
A proporção parece alta até ser comparada a outros países da América Latina. Nicarágua e Cuba, por exemplo, possuem 100% de doações voluntárias. Isso porque nestes locais não existem os doadores de reposição – que doam por razões pessoais, normalmente para amigos ou parentes.
No ano passado, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), foram coletadas 3,7 milhões de bolsas de sangue – 200 mil a mais do que em 2013. Um crescimento positivo, porém ainda insuficiente.
“Para poder receber mais doações, o Brasil também precisa estar preparado. Ou seja, possuir um sistema adequado de armazenamento e logística, para que o sangue coletado não seja perdido”, explica o cientista político e diretor da agência Abridor de Latas – Comunicação Sindical, Guilherme Mikami.
Entretanto, não há necessidade apenas de desenvolvimento de métodos mais modernos e funcionais para gerir as doações, também é preciso mudar conceitos deturpados que permeiam a sociedade.
Barreiras
Uma das maiores dificuldades para doações é o incentivo. Sem políticas governamentais constantes e que tornem mais pessoas em voluntárias, não haverá aumento de sangue nos estoques. O motivo é que não existe a conscientização acerca da importância de ajudar desde cedo, de forma que a doação se torne uma ação corriqueira na vida das pessoas.
“A sociedade brasileira não tem o devido conhecimento sobre a necessidade de doação. Não basta apenas falar que é preciso. A conscientização vai muito além, pois instrui e explica o porquê desse ato de solidariedade”, ressalta Mikami.
Alguns especialistas de área também afirmam que muitas pessoas doam com a intenção de obter vantagens, como descontos em cinemas, shows e teatros, para tirar o dia de folga no trabalho ou simplesmente para confirmar doenças como a do vírus que transmite o Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/Aids) de forma gratuita.
“A mentalidade dos brasileiros ainda não avançou no sentido de doar para salvar vidas – muitas vezes se trata de interesse próprio. Até por isso, diferentemente de outros países, 40% dos doadores são os de reposição, pois só enxergam a importância dessa ação quando se torna próxima – com risco de morte de parentes e amigos”, completa Mikami.
Outros problemas como os mitos e a falta de conhecimento também impedem um crescimento nas doações. “Não doo porque engorda”, “vou pegar doenças” ou “precisarei doar sempre” são algumas afirmações errôneas constantes de pessoas que, por desconhecimento dos procedimentos, acabam não doando.
Outra barreira está aliada diretamente ao Estado, visto que muitas cidades e hospitais não possuem estrutura adequada para receber os doadores ou mesmo armazenar o material coletado.
Requisitos
De acordo com a legislação atual, para ser doador de sangue é necessário ter entre 16 e 69 anos, pesar, no mínimo, 50kg, não estar utilizando medicamentos ou estar com resfriado ou gripe.
Grávidas ou aquelas que estão amamentando, e pessoas que fizeram tatuagens ou colocaram piercing nos últimos 12 meses não estão aptas. Quem teve hepatite após os dez anos também não pode doar.
Porém, para o restante, se tiverem boa saúde, poderão contribuir para ajudar diversas pessoas que precisam de solidariedade para sobreviver.
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