As linhas de produção de indústrias como a BRF não param. O ritmo de produtividade é elevado e a cobrança das empresas para que ele seja superado sempre aumenta. Com movimentos repetitivos e acelerados em um curto espaço de tempo, o número de trabalhadores com lesões aumenta.
Em apenas um minuto, alguns trabalhadores chegam a realizar 120 movimentos para desossar uma sobrecoxa de frango, realizando quatro vezes mais movimentos por minuto do que o limite recomendados por especialistas. O número de movimentos deve ficar entre 25 e 33, para evitar lesões em tendões, músculos e articulações.
Os trabalhadores dessas indústrias têm 4,26 vezes mais inflamações em músculos e tendões, e 7,43 vezes mais lesões no punho. Na grande maioria dos casos, pelo esforço repetitivo, as doenças que mais aparecem são as doenças osteomusculares, que afetam principalmente tendões, músculos e articulações de membros superiores.
De acordo com a fisioterapeuta do Sintrial, Eliane Fávero, os casos mais atendidos são justamente os de Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT). “As doenças mais comuns são as tendinites de ombro, epicondilite, síndrome do túnel do carpo, pós-operatório de rompimento de tendão”, conta.
Essas doenças causam ao trabalhador muitas dores e muita dificuldade para realizar alguns movimentos. Segundo a presidente do Sintrial, Marilene Martins Moreira, a maior reclamação dos trabalhadores é com relação ao ritmo acelerado de trabalho. Os movimentos repetitivos só lesionam o trabalhador, enquanto isso as empresas só se preocupam com o seu lucro final, deixando a saúde de seus funcionários de lado.
Lesões e distúrbios do trabalho
Quando o ambiente não é adequado e começamos a reclamar de dor, normalmente algum colega logo diz que é LER. E geralmente ele não está errado, pois a maioria das doenças ocupacionais são casos de LER/DORT. Ou seja, situações em que o trabalhador desenvolve alguma alteração nas estruturas osteomusculares – tendões, articulações, músculos e nervos.
Excesso de força, postura incorreta e repetição de atividades podem bloquear a circulação sanguínea em alguns pontos e, assim, causar inflamações, como a tendinite. Em geral, a sobrecarga física é o principal fator que leva o trabalhador a desenvolver doenças da síndrome de LER/DORT como tendinite, bursite e mialgias.
É inverno todo dia nos frigoríficos!
Além do esforço repetitivo, os trabalhadores de frigoríficos estão sujeitos, também, às baixas temperaturas de alguns ambientes de produção. A temperatura, parecida com as do inverno, fica próxima dos 10°C. Com o frio, os músculos contraem. Então, para realizar qualquer movimento é necessário ter mais energia.
Trabalhar em ambientes com baixas temperaturas também facilita o aparecimento de doenças como sinusite e pneumonia. Para evitar esses problemas, o artigo 253 da CLT protege o trabalhador quando estabelece pausas para recuperação térmica, que devem ser de 20 minutos a cada 1 hora e 40 minutos de trabalho para amenizar os efeitos do frio.
O que a legislação prevê?
Com o objetivo de melhorar as condições de trabalho, foram publicadas duas Normas Regulamentadoras (NRs), a NR 17 e a NR 36, que tratam especificamente da ergonomia nos frigoríficos.
A NR 17 trabalha com a melhoria das condições de trabalho em atividades que exigem sobrecarga e prevê pausas para descanso. Já a NR 36 estabelece normas de prevenção e redução de acidentes, ao determinar procedimentos de saúde e segurança do trabalho.
“As normas deveriam melhorar as condições de trabalho, mas nas vistorias que fizemos percebemos que as empresas não as cumprem, prejudicando a saúde de seu trabalhador”, explica a presidente do Sintrial, Marilene Martins Moreira.
Se as empresas colocassem em prática essas normas, menos trabalhadores estariam lesionados e sua produtividade seria mais alta, visto que seus funcionários trabalhariam sem dores e mais saudáveis.
Fonte: Produção: Abridor de Latas Comunicação Sindical
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